Analista do ICE compara temas discutidos no evento a temas abordados no ecossistema de impacto brasileiro
Do ICE
A 10ª edição do SOCAP (Social Capital Markets), o maior evento global de investimento de impacto, reuniu entre os dias 9 e 13 de outubro, em São Francisco (Califórnia), mais de 3 mil pessoas – investidores, governos, instituições, filantropos, líderes empresariais e empreendedores sociais – interessadas em debater soluções baseadas no mercado e em identificar caminhos que combinem capital e significado.
“Vale a pena destacar um tema comum ao longo do evento, presente em vários painéis: a necessidade das pessoas que atuam no campo de investimento de impacto de olharem mais para a política, de serem mais conscientes do impacto. Estamos falando aqui de grandes empresas e famílias de alta renda que devem alinhar as doações que fazem para campanhas políticas aos seus princípios de impacto social, até os negócios e seus empreendedores que desenvolvem soluções para os desafios que vivemos na esfera política. A abordagem era feita para os Estados Unidos, mas vale também para nós, no Brasil. O ecossistema brasileiro, como um todo, já está sentindo essa necessidade, em resposta aos últimos acontecimentos políticos,” afirma Samir Hamra, analista de programas do ICE, que acompanhou a SOCAP.
Samir destaca outros temas debatidos na SOCAP, que também estão na agenda do ecossistema brasileiro: a qualidade do impacto medido na ponta, a demanda por mais capital semente (insuficiente fora dos Estados Unidos) e as expectativas em torno do modelo tradicional de venture capital. “Um levantamento apresentado no evento apontou que apenas 4% dos fundos atingem seus objetivos. A mensagem mais importante é que os fundos deveriam rever suas expectativas e focar na criação de valor”, comenta Samir.
“Falamos muito que o mercado brasileiro de investimento de impacto está começando e, nesse evento, o que mais chamou a minha atenção é quanto o mercado norte-americano é maduro, o quanto de capital está aplicado em todos nichos de negócios, com muitas organizações especializadas em diferentes estágios dos negócios, seja com apoio financeiro ou outro tipo de apoio. Foi uma visão concreta do que almejamos para o Brasil”, afirma Samir.
A SOCAP foi fundada por um pequeno grupo de empresários comprometidos com a aceleração de um novo mercado global focado no impacto social: Rosa Lee Harden, Kevin Jones e Tim Freundlich. “Na época, os ativos destinados às abordagens de impacto socioambiental eram frouxos e díspares. Hoje, mais de US$ 8,7 trilhões de ativos são gerenciados por meio dessas abordagens globalmente. O investimento de impacto está emergindo no mainstream e lidando com a geração de soluções inovadoras e sustentáveis para alinhar capital e mercados com as necessidades humanas do futuro”, citam Rosa Lee Harden, Kevin Jones e Tim Freundlich, cofundadores do SOCAP, na página da instituição na internet.