Setor vital da economia brasileira tem grandes oportunidades para negócios que investem em sustentabilidade e beneficiam o pequeno produtor


Este é um conteúdo da série:

Um dos setores econômicos mais vitais da economia brasileira, o agronegócio é responsável por cerca de um quinto da produção de riqueza do país. Em 2017, o setor aumentou 7,6% em relação a 2016 e representou 21,6% do PIB, segundo dados da CEPEA/CNA. Assim contribuiu para o PIB total crescer 1% (após dois anos de retração) em relação a 2016. Sem o agronegócio, o PIB teria crescido apenas 0,3% no ano passado, segundo estimativa do IBGE.

Contudo, também é responsável por impactos negativos ambientais e sociais.

O setor consome 75% da água potável em todo o mundo. É causa de desmatamento e suas consequências, como a degradação do solo e a perda de biodiversidade. Contribui para o esgotamento dos mananciais, contaminação do solo, ar e água e geração de resíduos.

No âmbito social, costuma empregar população de baixa renda e pouca qualificação profissional, cuja renda nem sempre aumenta quando o setor cresce. Por exemplo, ainda segundo a CEPEA/CNA, apesar do crescimento do PIB do setor no ano passado, a queda dos preços reais dos seus produtos fez a renda dos atores envolvidos recuar 4,6%.

Por isso, um negócio de impacto no setor do agronegócio deve pensar não apenas em soluções ambientais, mas também sociais. Como ajudar o pequeno produtor a melhorar o seu padrão de vida? Quais são as suas necessidades em relação à sua atividade profissional, mas também em relação a outras dimensões, como acesso a serviços financeiros, educação e saúde? Questões como essa devem nortear o empreendedor na busca do seu modelo de negócio.

Tudo isso deixa claro que investir em agronegócio de impacto socioambiental é vital para cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Por exemplo, valorizar e capacitar o pequeno produtor é um avanço no ODS 1 – Erradicação da Pobreza, ODS 8 – Emprego Digno e Crescimento Econômico e ODS 10 – Redução das Desigualdades. O uso de técnicas sustentáveis no setor se refletem em avanços em outros objetivos, tais como: ODS 6 – Água Limpa e Saneamento, ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis, ODS 13 – Combate às Alterações Climáticas e ODS 15 – Vida Sobre a Terra. Por ser um setor tão amplo e complexo, o seu impacto acontece em tantas áreas diferentes.

Nesta matéria, você entenderá quais são os desafios e as oportunidades do setor, conhecerá casos de sucesso e entenderá o que precisa para empreender com impacto social e ambiental no agronegócio. Boa leitura.

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[mks_accordion_item title=”Entrevista com Guilherme Lago, do Pulse”]

Guilherme Lago é gestor do Pulse, um hub de inovação em agronegócio, que é iniciativa da Raízen, principal fabricante de açúcar e etanol do Brasil, também presente nos setores de transporte e distribuição de combustíveis e geração de bioeletricidade.

Em entrevista para a Kaleydos, Guilherme explicou quais inovações tecnológicas estão impactando o setor, mencionou startups que desenvolvem soluções de ponta e deu orientações a quem deseja empreender. Ouça o podcast abaixo.

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[mks_accordion_item title=”Desafios e oportunidades no setor”]

Sendo um setor complexo, o agronegócio exige soluções em uma grande diversidade de áreas. Pode-se investir, por exemplo, em soluções que visem: 1) eficiência no uso de recursos hídricos; 2) diminuição de perdas e ineficiências; 3) controle ou redução de defensivos químicos; 4) conservação e restauração do solo; 5) gestão de resíduos.

Há ainda outras áreas, não necessariamente diretamente ligadas à produção e sustentabilidade, que necessitam de soluções com impacto socioambiental. Entre elas:

Conectividade: como levar acesso à Internet a todos que trabalham no meio rural e ensiná-los a fazer bom uso dela em seu negócio?

Educação: capacitar e qualificar o pequeno produtor no uso de tecnologia de ponta, ferramentas de gestão e tomada de decisão. Soluções que devem ser desenvolvidas sob medida para uma população muitas vezes pouco escolarizada.

Acesso ao mercado: meios de alcançar o consumidor final sem a necessidade de atravessadores.

Produtos e serviços financeiros: acesso a crédito e meios de pagamento.

Armazenamento de alimentos: soluções para que o pequeno produtor não precise vender imediatamente a sua produção, nem alugar espaço em silos terceirizados.

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[mks_accordion_item title=”Casos de sucesso”]

As startups brasileiras abaixo desenvolvem uma grande gama de soluções, que mostram como o agronegócio é amplo e complexo. São soluções que vão da biotecnologia a irrigação inteligente, assim como modelos de negócios de valorização e capacitação de pequenos produtores e comércio justo, passando também por microcrédito e logística.

Agribela

Desenvolve o Biodrop, um sistema de controle biológico de pragas. Por meio de cápsulas biodegradáveis espalhadas por drones, aplica a mosca cotésia em plantações de cana. Esta mosca come o parasita conhecido como broca da cana, aumentando a produção sem o uso de agrotóxicos. Sediada em Londrina, Paraná. Saiba mais.

Agrosmart

Oferece uma solução de irrigação inteligente que otimiza o uso de recursos hídricos nas lavouras. Sensores espalhados pelo campo e satélites monitoram mais de 10 variáveis ambientais que influenciam o cultivo e enviam os dados pela Internet ao agricultor. Sediada em Campinas, SP. Saiba mais.

Bart.Digital

É uma plataforma de gestão de títulos e contratos do agronegócio, que faz uso da tecnologia Blockchain. A startup promove a transparência na concessão de crédito a produtores. Sediada em Piracicaba, SP. Saiba mais.

Floresta Viva

A Floresta Viva produz alimentos e produtos de maneira sustentável em agroflorestas (sistema de plantio de alimentos ajudar a recuperar uma floresta), privilegiando o pequeno produtor. A empresa foi criada por investidores privados e pelo fundo de investimento de impacto Moringa. Sediada em Ilhéus, Bahia. Saiba mais.

Não conhece o conceito de agroflorestas? Assista ao vídeo abaixo e entenda:

Inocas

Atua na cadeia produtiva da macaúba, promovendo o extrativismo sustentável dos frutos das palmeiras nativas. O negócio se estrutura em três pilares: capacitação e mobilização de agricultores familiares para o extrativismo sustentável; acesso a políticas públicas que beneficiam os produtores; e certificação orgânica do produto nativo.

A atividade da Inocas promove a inclusão social, a valorização da biodiversidade e gera trabalho e renda aos agricultores familiares. A empresa é apoiada pela SITAWI Finanças do Bem e pelo Instituto Mahle. Sediado em Patos de Minas (MG). Saiba mais.

Instituto Estrela

Associação que oferece microcrédito a pequenas empresas do semiárido brasileiro. Duas linhas de crédito são destinadas a pequenos agricultores. A primeira é destinada a investimentos em infraestrutura. A segunda é um empréstimo de ciclo curto para capital de giro. Sediada em Patos, Paraíba. Saiba mais.

PECSA

Originalmente uma ONG, tornou-se um negócio cuja missão é transformar a pecuária na Amazônia em um negócio sustentável. A empresa reforma fazendas degradadas para se tornem produtivas sem desmatamento. Sediada em Alta Floresta, na região norte de Mato Grosso. Saiba mais.

Perfect Flight

Monitora a pulverização de defensivos agrícolas, com duas vantagens: 1) garante que a aplicação foi feita nas áreas corretas; 2) garante que não haja aplicação em áreas de mananciais e reservas ambientais. Os registros do sistema formam um histórico que comprova a aplicação correta dos defensivos. Sediada em São João da Boa Vista, SP. Saiba mais.

Silo Verde

Oferece uma solução sustentável para o armazenamento de grãos com redução do desperdício e aumento na rentabilidade do pequeno produtor. Produz silos construídos a partir dos polímeros de garrafas PET recicladas, a um custo menor do que outros produtos do mercado e acessível a pequenos produtores. Dessa forma, o produtor não precisa escoar a sua produção logo após a colheita, não tem perdas ao adotar métodos precários de armazenamento, nem aluga espaço em armazéns terceirizados (que reduziria a sua margem de lucro). Sediada em São Leopoldo, RS. Saiba mais.

Sumá

Um marketplace de comercialização justa da agricultura familiar, que conecta produtores a compradores de alimentos e se foca em aumentar as margens de lucro do pequeno produtor. A startup seleciona produtores qualificados para integrar a plataforma e oferecem qualificação para produtores não aprovados. Sediada em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Saiba mais.

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[mks_accordion_item title=”Quero empreender em agronegócio. O que fazer?”]

Na entrevista incluída no início desta matéria, Guilherme Lago sugere que o empreendedor esteja atento às inovações em biotecnologia e suas aplicações ao agronegócio sustentável. Também recomenda se informar sobre o RenovaBio, uma política pública promovida pelo Ministério de Minas e Energia para traçar estratégias para os biocombustíveis no Brasil.

Outra recomendação é se conectar aos grandes hubs de inovação, como o Pulse, a Usina de Inovação e o Agrihub. Estas organizações aproximam startups, investidores, executivos, academia, produtores, agências de fomento e outros atores do agronegócio para gerar inovação em tecnologia e modelos de negócio. Oferecem infraestrutura, networking, capacitação, acesso a mercado, entre outros benefícios. Podem ajudar o empreendedor a entender as grandes dores de todos os atores do agronegócio, desde as grandes corporações aos pequenos produtores, bem como entidades governamentais, e a estruturar as suas ideias de soluções tecnológicas e de negócio com impacto socioambiental.

O empreendedor também pode buscar o apoio de incubadoras e aceleradoras especializadas em negócios de impacto e negócios sociais, que ajudarão a desenvolver modelos de negócio com impacto positivo ambiental e social. Para conhecer as organizações que atuam no setor, acesse este link.

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[mks_accordion_item title=”Referências: para saber mais”]

Agricultura pode amenizar efeitos da mudança climática e migração involuntária, segundo FAO e OIM

Better Cotton Initiative

Biometano vira opção de energia limpa

CEPEA/ CNA

Climate Smart

Estudo mapeia empreendimentos com impacto social positivo na alimentação

Farming First

GAP usará algodão 100% sustentável até 2021

Impactos ambientais causados pelo agronegócio no Brasil

Investimento de impacto em agricultura climate-smart: mapeamento inspira novos investidores

Investimentos em agricultura sustentável ajudam a cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Muda Meu Mundo: como ampliar o acesso à alimentação saudável e sem agrotóxicos para todas as classes sociais?

Negócios valorizam a agricultura familiar

Para FAO, bioeconomia pode alimentar o mundo e salvar o planeta

Parceria aposta em ecoinovação no setor de agronegócios

PIB brasileiro cresce 1,0% em 2017, após 2 anos de retração

Pulse Hub de Inovação

SITAWI apoia projeto de extrativismo sustentável de macaúba orgânica

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Sua startup atua no setor e precisa de apoio? Entenda o que fazer

Se você busca apoio para o seu negócio de impacto se fortalecer e escalar, há algumas atitudes que podem ser tomadas.

Uma é apresentar o seu negócio à Kaleydos por meio deste formulário. A Kaleydos, iniciativa do Instituto Jatobás, é uma plataforma de investimento e desenvolvimento de soluções e negócios que contribuem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Busca e seleciona startups de impacto em estágio inicial, alinhadas a um ou mais ODS, com potencial de viabilidade e escalabilidade, impacto socioambiental mensurável e modelos de negócios inovadores. Saiba mais aqui.

Outra é cadastrar a sua startup na Pipe.Social, a maior vitrine de negócios de impacto socioambiental do Brasil. Você ganhará visibilidade entre investidores, aceleradoras, marcas, fundações, governos, mentores, investidores anjo, mídias e potenciais parceiros.