Como combater a poluição dos mares? Esses negócios fazem isso ao tratar o lixo plástico como matéria-prima de alto valor agregado

Não é possível imaginar a vida moderna sem plástico. De produtos descartáveis, como copos e cotonetes, a bens duráveis, como carros e computadores, ele está lá. E está presente principalmente nas embalagens, representam cerca de 40% do uso desse material. Infelizmente, grande parte dos produtos plásticos são usados apenas uma vez e depois descartados. E menos de um quinto de todo o plástico produzido no mundo é reciclado.

Uma das consequências disso é que, todos os anos, mais de 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos mares, segundo uma estimativa da ONU. Se esse ritmo se mantiver, até 2050 haverá mais plástico do que peixes no oceano, transformando-o cada vez mais em um grande lixão.

Esse cenário causa alguns problemas que têm recebido grande destaque na mídia, como a morte de animais marinhos ou a formação de “ilhas plásticas”. Assim como outros que se refletem diretamente na qualidade de vida de nós, seres humanos. Por exemplo, microplásticos estão presentes em 83% das águas de torneira do mundo e são encontrados até mesmo em água engarrafada. Além de estarem no ar, no sal, na cerveja… causando males à saúde, como disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas, entre outros.

Negócios de impacto socioambiental podem ser importantes na solução desse grave problema. Para isso é importante adotarem modelos de negócio baseados em economia circular. Esse conceito consiste em considerar os resíduos da indústria como fonte de novas matérias-primas. E em planejar os processos de produção, consumo e pós-consumo de forma a reinseri-los à cadeia produtiva, em vez de descartá-los em aterros sanitários.

Uma das aplicações da economia circular está na retirada de plástico dos oceanos e na sua transformação em novos produtos. Há empresas fazendo justamente isso ao redor do globo e você conhecerá cinco delas agora.

Adidas

A multinacional de produtos esportivos lançou uma linha de tênis e outra de camisetas de futebol feitas de plásticos recuperados dos oceanos. Ambas foram co-criadas em parceria com a organização Parley with the Oceans. A Parley é uma iniciativa que busca conscientizar stakeholders sobre o problema do plástico dos oceanos e colaborar em projetos que podem ajudar a solucioná-lo.

MacRebur®

Que tal substituir o petróleo pelos resíduos plásticos para fazer asfalto? Essa é a proposta da MacRebur®, que transforma o plástico recuperado dos oceanos em MR6, um “aditivo aglutinante de alto desempenho”. O produto é usado para construir estradas que, segundo a empresa, são 60% mais resistentes do que as construídas com asfalto convencional.

Method

Em 2011, essa empresa americana de produtos de limpeza sustentáveis lançou uma embalagem produzida a partir de um mix de plástico reciclado e plástico recuperado de praias do Havaí. Ao combinar e derreter várias matérias plásticas diferentes, a empresa obtém uma matéria-prima cinza usada para produzir a embalagem. Site.

Plastic Bank

Essa empresa desenvolveu uma solução para combater, ao mesmo tempo, a poluição e a pobreza. Ela considera os plásticos descartados como uma forma de moeda. Moradores de comunidades de baixa renda coletam plástico no litoral ou na cidade e o leva a um centro de reciclagem. Em troca, recebem pagamento em dinheiro, acesso a WiFi ou eletricidade para carregar seus celulares. O plástico recuperado é transformado em pelletes, uma resina granulada que depois é vendida a indústrias que buscam alternativas ao plástico virgem. Com o uso de impressoras 3D, os pelletes podem ser transformados embalagens. Exemplos de empresas que compram o material do Plastic Bank são a marca de cosméticos Lush e a empresa de produtos de limpeza Seventh GenerationSite.

Plastic Whale

Essa Empresa B holandesa começou em Amsterdam “pescando” plásticos nos canais da cidade. O plástico recolhido é então reciclado para fabricar novos barcos de pesca usados pela startup e móveis produzidos sob o conceito da economia circular, que depois são vendidos. Além disso, atuam na educação ambiental, com apresentações e workshops para conscientizar a população sobre o problema do lixo plástico. Site.

Positiv.a

Essa empresa brasileira tem duas frentes de atuação. Uma delas é uma consultoria ambiental em temas como economia circular e permacultura. Outra é uma marca de produtos de limpeza naturais, biodegradáveis e veganos. Esse ano, a Positiv.a lançou embalagens feitas 100% de plástico retirado das praias do Litoral Sul de São Paulo. A iniciativa é realizada em parceria com a Boomera, empresa especializada em soluções para economia circular.

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Foto: Ocean Blue Project A Oregon Nonprofit