Do ICE

Workshops, debates, diálogos temáticos, palestras de líderes inspiradores, rodadas de negócios e visitas a empresas certificadas pelo Sistema B compuseram a agenda do Encontro+B, que reuniu em São Paulo (SP), entre 29 de novembro a 1º de dezembro, empresários, empreendedores e representantes de 21 países da América Latina.

Com o tema “Uma nova economia da América Latina para o mundo”, o  Encontro +B ofereceu aos participantes a oportunidade de compartilhar experiências inspiradoras e de sucesso e de refletir sobre as possibilidades de impacto positivo que as empresas podem ter no processo gradual de tornar o mundo mais sustentável. É uma iniciativa do Sistema B Brasil, que consiste em um conjunto de empresas que trabalham por uma economia na qual o sucesso seja medido pelo bem estar das pessoas, da sociedade e da natureza. No mundo, existem cerca de 2.356 empresas B e na América Latina são 328. Os multiplicadores B da América Latina visam expandir o conceito do Sistema B por meio de exemplos e discussões da região para o mundo.

Em seu discurso de abertura, Marcel Fukayama, cofundador do Sistema B no Brasil, destacou a mudança pela qual o mundo passa. “Nossa missão é construir infraestrutura para essa mudança. Acredito em três pilares para isso: comunidade – grandes saltos da história não aconteceram quando nos afastamos, protagonismo e esperança – vivemos tempos difíceis, de extremismos, mas a evolução não acontece nos extremos”, disse Fukayama, também cofundador da Din4mo.

A agenda do encontro abordou cinco temas principais:

  • O futuro do trabalho:empreendimento, inovação e propósito de impacto positivo;
  • Regeneração:agricultura, zonas rurais, autonomia alimentar, meio ambiente e relações sociais;
  • Educação:nova cidadania, novos sistemas produtivos e novo consumo;
  • A quarta revolução industrial:transformação digital, inclusão e impacto positivo;
  • Urgência/Economia inclusiva:escalabilidade / replicabilidade / aceleração e impacto positivo.

Na opinião de Ricardo Glass, fundador da Okena e associado do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), a principal contribuição do evento foram as pontes criadas. “Estou certo de que as mais de 500 pessoas que circularam pela Unibes Cultural durante o evento saíram de forma diferente, impressionadas e esperançosas com esse novo mundo que já está aí”, comenta Glass.

Dario Guarita, CEO da Amata e associado do ICE, também acompanhou o encontro e se surpreendeu com a riqueza e a qualidade das palestras e dos debates. “Empresário precisa ser persistente no Brasil, é uma gincana cumprir com a legislação nacional. E gerir uma empresa B exige um esforço muito grande, é desgastante. Dias como esses renovam a energia para continuar. Mostram que pertencemos a uma comunidade, que podemos compartilhar as dificuldades e as esperanças. Acho que esse evento tem tudo para se transformar em um movimento, tomar conta da cidade que o acolhe e ganhar uma expressão maior”, afirma Guarita.

Ricardo Glass acrescenta que embora cuidar dos impactos dê mais trabalho, as vantagens compensam esse esforço extra. “Ser bem-sucedido não tem mais o mesmo significado que tinha no passado. O que adianta ficar rico, mas não ser bem-sucedido? Ou não se sentir realizado?”,

Um dos desafios do movimento B é o reconhecimento do público consumidor e dos stakeholders sobre o esforço que o empresário coloca para operar com os parâmetros do sistema B. “O consumidor ainda é guiado pelo preço. Lentamente, ele começa a privilegiar uma marca, em detrimento de outra, porque ela segue o sistema B, não destrói o planeta, a comunidade. É um caminho sem volta. A próxima geração já será conectada com essa nova maneira de fazer negócio que leva em conta o impacto. As empresas que não estiverem nessa linha serão ultrapassadas, não terão consumidor”, afirma Dario Guarita, que participou do painel “Economia Regenerativa”.

Os empresários comentaram o papel da América Latina nesse movimento, tema do encontro. “Gosto muito da fala do Pedro Tarak, um dos mentores do movimento de empresas B. Todos os lugares são o centro do universo. Hoje qualquer um pode fazer qualquer coisa em praticamente qualquer lugar do mundo. Todo muito tem algo de único a contribuir. A América Latina tem um tempero especial para oferecer. Uma coisa é certa, somos muito melhores do que como nos sentimos. E temos muito a contribuir para a humanidade”, comenta Ricardo Glass.

Para Guarita, as empresas são uma grande alavanca de transformação socioambiental e elas não precisam abrir mão do retorno para promover as transformações na sociedade em que vivemos. Não precisam esperar o governo fazer alguma mudança para começar a pensar em gerar impacto positivo. É a consciência das lideranças nacionais que pode olhar o impacto como uma grande oportunidade de fazer negócio. “A América Latina tem buracos gigantescos e grandes oportunidades para atender as demandas. Para produtos financeiros para baixa renda, por exemplo, a demanda é maior na América Latina do que nos Estados Unidos ou na Europa. Nesse aspecto, na América Latina, as empresas podem usar seu poder para resolver problemas e promover a transformação. O brasileiro se sente pouco parte da América Latina e é preciso incentivar um movimento de unificação dos países. A língua já não é mais uma barreira”, afirma.

Como protagonista desse movimento, o Sistema B usa os negócios como ferramenta de transformação social, oferecendo uma solução prática e objetiva para os desafios do mundo contemporâneo. “Está puxando essa agenda e, principalmente, separando o joio do trigo, utilizando uma ferramenta poderosa de avaliação de impacto dos negócios.

Estamos fazendo isso em todas as esferas da sociedade, na academia, política, comunidade e outras. É um movimento que não está contra nada e sim a favor de muitas coisas, é inclusivo, garante accountability e transparência. Coloca a intenção no seu devido lugar”, destaca Ricardo.

Além de Ricardo Glass e Dario Guarita, participaram do Encontro+ B, os associados ICE, Isabela Becker (Café Daterra, empresa B), Cristiano Ribeiro do Valle (Tora Brasil), Vitor Galvani e Luiz Lara (Lew Lara) que compôs uma mesa sobre Comunicação e entrevistou o empresário Guilherme Leal.