Do Semente Negócios

Já parou para pensar qual a real intenção ao empreender um negócio de impacto? Para a Semente, negócios de Impacto Social são inovadores, lucrativos e intencionam causar impacto positivo na sociedade e/ou no meio ambiente.

É impossível falar de impacto sem falar dessa palavrinha que às vezes passa batido: intencionalidade.

Neste texto vamos mostrar a base dos negócios de impacto, o que a intenção representa em um negócio real e qual a relação com a medição de impacto.

O termo “negócios de impacto” é recente e o crescente interesse por essas iniciativas também. No Brasil, entre 2014 e 2016, o número de investidores com esse foco subiu de 22 para 29 no Brasil, com estimativa de mais de US$ 2 bilhões de investimento disponíveis para essa área na America Latina (ANDE).

Para compreender esse ecossistema emergente, precisamos entender por quê a intencionalidade é um conceito tão presente para diversos atores do ecossistema:

“Negócio de Impacto é aquele em que o modelo de negócios é capaz de sustentar financeiramente a intencionalidade de impacto da empresa.” (Inovativa Brasil)

“São empresas que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda.” (Artemisia)

Basta, então, ter uma boa intenção para ser um negócio de impacto? Não é tão simples, mas é um início. O primeiro passo para causar um impacto positivo nasce de um desejo genuíno de fazer o “algo a mais”. E é essa vontade que vai moldar o modelo de negócios.

 

A intencionalidade é parte fundamental ao empreender porque determina se o negócio será ou não de impacto.

Na prática, a intencionalidade irá nortear as métricas a serem observadas ao mensurar o impacto.

No Banco Pérola, por exemplo, a intenção inicial da empreendedora Alessandra França era a capacitação profissional de jovens ao mercado de trabalho. Ao estudar a situação, ela viu que o problema real da comunidade de baixa renda era o acesso ao crédito. Como ligar a intenção de ver mais jovens preparados para o trabalho com o problema encontrado?

A resposta veio após muita pesquisa. O Banco oferece crédito orientado a indivíduos e empreendedores da classe C, D e E nas linhas de educação, produção e moradia, dando assistência e capacitação para o sucesso do negócio que será investido.

Lado a lado na escala de importância com o lucro, está a intenção de impactar na melhoria da realidade local e no compromisso com o desenvolvimento. Com a clara intenção e o modelo de negócio validado, o Banco Pérola consegue definir quais as métricas que são levadas em consideração ao fazer a medição de impacto.

Mas como ligar uma coisa na outra?

Um negócio de impacto social nasce da intencionalidade, é desenhado na teoria da mudança, validado no modelo de negócio e comprovado na medição de impacto.

Como podemos ver, esse caminho não é linear e o que define toda essa ligação são as metas, métricas e indicadores.

Metas, métricas e indicadores

Metas são objetivos para serem conquistados em uma série de ações interconectadas. Como exemplo de meta, temos a mudança que você pretende causar no mundo! Na Teoria da Mudança são listados os efeitos gerados a curto, médio e longo prazo na sociedade e é esse objetivo que deve ser seguido.

A meta, portanto, é: objetivo + valor + prazo:

O Banco Pérola tem como objetivo melhorar a qualidade de vida da comunidade + ao introduzir mais jovens da classe C,D, E no mercado de trabalho + por ano.

Essa meta está diretamente ligada a teoria da mudança e ao modelo de negócios do empréstimo consultivo, já que só o dinheiro não é garantia de desenvolvimento.

E como saber se o negócio está se aproximando do objetivo? É aqui que entram as métricas, que são as “medidas” que servem para identificar sua evolução. Por exemplo, se para saber quantas pessoas estão saindo da pobreza, a métrica é o número de pessoas que ultrapassaram a linha da pobreza.

Elas podem ser de vários tipos, como valor, quantidade, peso, volume ou outro formato quantitativo. No caso do Banco Pérola é o número de famílias apoiadas na comunidade, porque percebe que cada empreendedor tem uma família de quatro a cinco pessoas que se envolvem nos negócios.

As métricas são a base para a constituição dos indicadores de impacto, os quais avaliam uma situação e sua evolução histórica. A cada três empreendedores investidos pelo Banco, pelo menos dois continuam com o negócio após um ano, gerando outros empregos e renda para outras famílias, multiplicando o impacto causado.

O próximo passo da Alessandra é começar a medir o quanto está gerando de renda na comunidade, qual o aumento de escolaridade e outros indicadores de desenvolvimento do local. Tudo iniciado e pautado pela intencionalidade de mudar uma realidade através do empreendedorismo.

A intencionalidade é fator fundamental por analisar a realidade social e o seu contexto e agir em cima dos problemas reais encontrados. E é isso que determina o negócio de impacto social. E por aí, qual é a sua intencionalidade?