Volume total aumentou em 9%, mas número de investidores caiu em 3%

Da Anjos do Brasil

A Anjos do Brasil (www.anjosdobrasil.net) divulgou no seu 5º Congresso de Investimento Anjo os resultados atualizados de uma pesquisa sobre investimento anjo no país no ano de 2016.

Volume total de Investimento

A pesquisa revelou que o volume total de investimentos em 2016 foi de R$ 851 milhões, apresentando um crescimento de 9% em relação ao período anterior (R$ 784 milhões). Os motivos para esse aumento estão ligados tanto a fatores estruturais quanto conjunturais. O primeiro se refere ao investimento anjo às startups que, pelo seu alto grau de inovação não dependem da situação econômica para crescerem. Também pesa o fato de o investimento anjo ser de médio a longo prazo, tendo assim expectativa de que a crise já terá passado no momento do desinvestimento.

Já os motivos conjunturais envolvem a acelerada disseminação do investimento anjo, o que tem aumentado o número de investidores anjo ativos – aqueles que buscam oportunidades de investimentos – e o montante investido por eles. Outro motivador são os retornos negativos dos investimentos mais tradicionais, como Bolsa de Valores e o setor de imóveis que estimulam novas formas de aplicações, como o investimento anjo.

Número de investidores anjo

Neste período foi apurado que este valor foi investido por um total de 7.070 investidores anjo, uma redução de 3% na comparação com a pesquisa do período anterior, quando o total era de 7.260 investidores. O impacto disto foi sentido na desaceleração do crescimento do volume quando comparamos a índice atual de 9% com o do período anterior de 11%.

Essa diminuição foi causada por motivos estruturais como a insegurança jurídica que desestimula novos investidores e pela taxa básica de juros elevada (Selic), o que diminui interesse por investimentos de risco.

Essa diminuição também foi causada pela conjuntura de crise econômica pela qual o país passa, levando ao decréscimo no número de investidores anjo passivos – que fazem investimentos apenas conforme são demandados – e alocação de seus recursos em seus próprios negócios.

Valor médio de investimento por investidor anjo

A pesquisa aponta que o ticket médio por investidor foi de R$ 120.300, crescimento de 11% referente ao período anterior (R$ 108 mil), isso contribuiu para que o volume total tenha crescido mesmo com a queda do número de investidores.

Análise

“Observamos pela pesquisa que os investidores ativos continuam crescendo e investindo mais, em contrapartida, os investidores passivos vão em sentido oposto, retardando o crescimento de investimento anjo no Brasil. Assim, faz-se necessário que se promovam políticas de estímulo para os investidores, como já praticadas nos EUA e vários países Europeus, pois as startups dependem não só de capital financeiro, mas também do intelectual que os investidores anjo aportam, acelerando seu crescimento e aumentando suas chances de sucesso, como apontado em diversos estudos como o da OCDE”, informa Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil.

Proposições

Para acelerar o crescimento do investimento anjo, a Anjos do Brasil vem trabalhando junto a interlocutores do governo e do congresso nacional para criação de mecanismos de estímulo para investimento em startups, usando como referência as experiências bem sucedidas de países como o Reino Unido, França, Portugal e EUA.

Nestes países foram criados incentivos fiscais, como compensação de parte do investimento nos impostos devidos, bem como isenção de imposto sobre o ganho de capital. É importante destacar que estes estímulos não implicam na chamada “renúncia fiscal”, pelo contrário, geram aumento de arrecadação tributária, pois considerando que o capital aplicado em renda fixa gera impostos somente sobre os rendimentos, quando passa a ser investido em startups, o mesmo é tributado em sua integralidade, através de impostos e contribuições sobre salários, aquisição de máquinas,  equipamentos e contratação de serviços para os quais o investimento é utilizado, além dos impostos sobre o faturamento da empresa.

Para tanto, já está tramitação no Senado Federal o projeto de lei PLS 54/2016 que possibilita a compensação de parte do investimento no imposto de renda devido pelo investidor, bem como está sendo feita articulação junto com várias entidades para que a Receita Federal defina estes estímulos na regulamentação dos artigos 61-a, b,c e d da Lei Complementar 155/2016 que define o investimento anjo.

Cassio Spina alerta que “sem estes estímulos, temos risco de estagnar o crescimento do investimento anjo em startups no Brasil, lembrando que quando comparamos com os EUA e a Europa ainda representamos menos de 1% do que já se faz por lá. Consequentemente nossa competitividade no setor de startups, tão relevante atualmente no cenário global, fica mais para trás ainda. Por outro lado, temos uma grande oportunidade de darmos um salto de crescimento se forem adotadas as políticas necessárias para o setor como ocorrido no Reino Unido e na França”.

Foto: StockVault