Tecnologias disruptivas aplicadas aos negócios podem gerar transformação e bem-estar social; entenda como e conheça a 1a Chamada Leapfrogging – Fundação Dom Cabral

O empreendedorismo é um dos grandes propulsores do crescimento econômico de um país, pois cria riqueza e empregos. Nesse contexto, os negócios de impacto social, além de cumprirem um papel no crescimento econômico, também buscam solucionar problemas sociais e ambientais em áreas tão distintas quanto educação, saúde, energia limpa ou serviços financeiros. Especialmente nesse tipo de negócio, é importante buscar constantemente inovações disruptivas que sejam capazes de gerar ganhos econômicos, sociais e ambientais significativos e transformadores. Pois mudanças graduais e negócios tradicionais (business-as-usual) não são suficientes para solucionar os graves problemas sociais e ambientais enfrentados no mundo, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Na busca pela inovação disruptiva que gere impacto positivo é importante compreender o conceito de technology leapfrogging.

Nas próximas sessões dessa matéria, você vai: 1) entender o que é technology leapfrogging; 2) conhecer exemplos deste fenômeno no mundo dos negócios; 3) conhecer tecnologias promissoras; 4) obter informações sobre a  1ª Chamada Leapfrogging – Fundação Dom Cabral, que está acontecendo com apoio da Pipe.Social e Civi-co.

Boa leitura!


Este é um conteúdo da série:


O que é technology leapfrogging?

O termo vem do inglês leapfrog, que pode ser traduzido como “salto do sapo” ou “saltar como um sapo”. A analogia é que ao se locomover, o sapo salta grandes distâncias de uma só vez, em vez de dar pequenos passos por todo o trajeto.

Assim, technology leapfrogging é uma metáfora para os grandes saltos no desenvolvimento econômico e social por meio do uso da inovação tecnológica, pulando estágios que teriam que ser percorridos com tecnologias mais tradicionais. Este conceito é especialmente interessante para países em desenvolvimento, que com tecnologias disruptivas podem se aproximar mais rapidamente dos países desenvolvidos, possibilitando uma redução de diferenças na competitividade econômica e nas desigualdades sociais.

Um exemplo de leapfrogging foi a implantação da telefonia móvel, no começo dos anos 2000, em países africanos que ainda não tinham adotado amplamente um sistema de telefonia fixa. Isso permitiu que esses países dessem um salto para uma tecnologia mais moderna, economizando o custo e o tempo da criação de uma infraestrutura mais cara e atrasada.

Em entrevista para a Kaleydos, o professor e pesquisador do Practical Community in Business Model  (PCBM) da Fundação Dom Cabral, Fabian Salum, explicou:

“Esse assunto tem uma importância e relevância que se justifica na história pelas teorias contemporâneas de crescimento e desenvolvimento econômico das nações. Em qualquer uma dessas duas abordagens, os principais motores para o ganho de produtividade e desenvolvimento econômico estão calçados, apoiados e suportados na adoção de práticas tecnológicas e de inovação. Então, dessa forma, a prerrogativa de tratarmos ou estarmos estudando sobre leapfrogging, que é o salto através basicamente da adoção de tecnologias, é para traçar novos caminhos com o uso de tecnologia em mercados emergentes. Superando o que? Superando as deficiências e as carências que esses mercados emergentes apresentam.”

Em uma frase, Fabian resume a importância do tema:

“O conhecimento é a base e a plataforma de transformação da sociedade.”

O leapfrogging no mundo dos negócios

No ecossistema empreendedor, bons exemplos são as fintechs, como a brasileira Nubank, que têm facilitado o acesso a serviços bancários por meio de aplicativos para smartphones, promovendo a inclusão financeira em mercados emergentes. De forma que a inovação tecnológica dessas startups resulta em um modelo de negócio também inovador e ajuda a solucionar um problema social dos mais importantes. Um movimento importante em um país em que há 60 milhões de habitantes desbancarizados, equivalente a quase metade da população economicamente ativa, segundo dados do IBGE.

No setor da saúde, o professor Fabian Salum menciona outros exemplos:

“Estive conversando com uma base tecnológica em Goiânia, na área da saúde, e existem projetos saindo para a prototipagem, que são relacionadas a pacientes de doenças crônicas terem uma tutoria, uma curadoria de acesso rápido no smartphone para saber, primeiro, medir como ele está em termos de glicose, pressão alta, e eventualmente o que fazer quando sai de algum parâmetro que é pré-estabelecido. Não é auto-medicação, mas auto-gestão da saúde, entende? Dispositivos móveis, ou IoT, cada vez mais permitirão e possibilitarão que as pessoas possam ter informações de forma mais estruturada, mais rápida, mais fidedigna.”

Ainda neste setor, menciona o já bem conhecido Dr. Consulta, uma plataforma de agendamento de consultas, que promove melhorias no acesso da população a serviços básicos de saúde.

Tecnologias promissoras

Como o tema diz respeito a inovações disruptivas de ponta, é difícil prever quais são as mais promissoras e que perdurarão causando transformação econômica e social. Sobre isso, Fabian Salum afirma:

“O salto tecnológico que pode acontecer é algo que a gente não tem como prever. Tudo dependerá de como o surgimento de novas ideias, de novas concepções, dos nossos cientistas, dos nossos pesquisadores, dos nossos jovens, criando soluções jamais imaginadas. E essas soluções, de forma a usar diferentes tecnologias, terem consequências, terem respaldo também jamais imaginados, com a velocidade que pode se ter a partir do acesso tecnológico.”

E complementa:

“Acredito que as tecnologias relacionadas com a sociedade, principalmente a saúde, educação, água e energia serão diferentes. Não há dúvida. Essas tecnologias podem ser as que já existem em outros países e que se tornam mais econômicas, mais viáveis agora para a proliferação e o uso, como por exemplo em energia e tratamento de água. Cada vez mais o custo unitário dessa tecnologia tem caído, tem reduzido. E com isso a facilidade de acesso e de investimentos, ou do nascimento de empresas usando essas tecnologias, é potencializado. Agora, tecnologias relacionadas à educação e saúde, que têm a ver diretamente com o ser humano no que tange ao bem-estar e ao desenvolvimento dele, eu acho que são tecnologias de mobilidade, tecnologias de fácil acesso e de fácil manuseio.

Mesmo sendo difícil prever quais inovações tecnológicas serão responsáveis por verdadeiros saltos econômicos e sociais, é importante que o empreendedor com foco na aplicação da tecnologia para benefício social esteja sempre atento às inovações tecnológicas em voga e emergentes. Como, por exemplo, blockchain, inteligência artificial, big data, Internet das Coisas, realidade virtual, entre outras.

1ª Chamada Leapfrogging – Fundação Dom Cabral

A Fundação Dom Cabral, por meio da Practical Community in Business Model (PCBM) do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais e com apoio da Pipe.Social e Civi-co, lança a 1ª Chamada Leapfrogging. A iniciativa busca conhecer e fomentar negócios de impacto disruptivos no país que têm potencial para dar um salto de tecnologia e melhorar a vida das pessoas.

O mapeamento inédito dos negócios que praticam leapfrogging no Brasil integrará um estudo global feito em parceria com o professor Felipe Monteiro, da INSEAD – uma das maiores e melhores escolas de negócios do mundo, sobre os modelos de negócios aderentes a prática de leapfrogging na América Latina.

Podem participar da chamada empreendedores à frente de negócios de impacto que democratizam serviços e produtos para população, abrem novos mercados, possuem soluções tecnológicas disruptivas e superam deficiências do mercado tradicional.

Serão selecionados 8 negócios para participar de speed dating (rodada de entrevistas) com os pesquisadores da Fundação Dom Cabral. Além da possibilidade de figurar como casos ilustrativos em um estudo global sobre as startups leapfrogging brasileiras e ser apresentados nos cursos de MBA e educação executiva de duas das principais escolas de negócios do mundo e em congressos internacionais. Os vencedores poderão participar da Practical Community Business Model, da FDC, e ter acesso à conteúdos inéditos, participar dos encontros, discussões e conexões com professores, pesquisadores, C-Level de algumas das mais bem sucedidas companhias do país e do mundo e convidados para troca de experiências, mentorias e visita a empresas que já superaram grandes desafios.

As inscrições para a 1ª Chamada Leapfrogging – Fundação Dom Cabral estão abertas e devem ser feitas até o dia 31 de março na plataforma da Pipe.Social pelo link:  http://bit.ly/leapfroggingbrasil

Sua startup gera impacto com soluções tecnológicas disruptivas e precisa de apoio? Entenda o que fazer

Se você busca apoio para o seu negócio de impacto se fortalecer e escalar, há algumas atitudes que podem ser tomadas.

Uma é apresentar o seu negócio à Kaleydos por meio deste formulário. A Kaleydos, iniciativa do Instituto Jatobás, é uma plataforma de investimento e desenvolvimento de soluções e negócios que contribuem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Busca e seleciona startups de impacto em estágio inicial, alinhadas a um ou mais ODS, com potencial de viabilidade e escalabilidade, impacto socioambiental mensurável e modelos de negócios inovadores. Saiba mais aqui.

Outra é cadastrar a sua startup na Pipe.Social, a maior vitrine de negócios de impacto socioambiental do Brasil. Você ganhará visibilidade entre investidores, aceleradoras, marcas, fundações, governos, mentores, investidores anjo, mídias e potenciais parceiros.


Foto: Eric Keller.