Fortalecendo a economia de comunidades locais, Rebbl torna mulheres e crianças menos vulneráveis à ação de traficantes de pessoas

Já faz quase uma década que a ONG Not For Sale tem combatido o tráfico de pessoas pelo mundo. Porém, chegou um momento em que os responsáveis pela organização perceberam que, apenas com ações usuais como a construção de abrigos, não estavam solucionando o problema na sua raiz. Por esse motivo, decidiram investir também em uma solução de negócios.

Em Lima, no Peru, grande parte das crianças traficadas para trabalhar na prostituição vieram da Amazônia, de famílias indígenas ameaçadas pelas mineração e exploração madeireira ilegais. Chegou-se à conclusão de que, se a economia local fosse mais forte, o risco do tráfico de crianças seria menor.

Pensando nisso, a ONG criou uma startup social, a Rebbl. A empresa produz bebidas engarrafadas usando ingredientes da Amazônia (e de outros locais do mundo), gerando renda para as comunidades locais.

Por exemplo, uma bebida feita de porca de banana, vendida em lojas como Whole Foods, usa ingredientes da Amazônia brasileira. Em 2013, a Not For Sale começou a trabalhar com vilas amazônicas para ajudar seus moradores a conquistar certificações orgânicas e de Fair Trade (Comércio Justo), como forma de garantir que toda a cadeia produtiva é ambientalmente sustentável e socialmente responsável. A startup adota a mesma estratégia em outras comunidades locais do mundo, com outros ingredientes, como é o caso da raiz de maca, no Peru, e da erva ahwaganda, na Índia.

2,5% dos lucros da Rebbl voltam para a Not For Sale. Na Amazônia, este dinheiro é usado para investir na educação sobre os riscos do tráfico de pessoas e em projetos de infraestrutura, como escolas, acesso a água, novos lotes agrícolas e itens como barcos, que a comunidade usa para entregar os produtos aos fornecedores e evitar atravessadores, que de outra forma ficariam com parte do seu lucro.

Até o momento, a empresa já doou 750 mil dólares. Suas bebidas podem ser encontradas em 7 mil lojas. E espera crescer 70% em 2018.

A Rebbl acredita que o maior impacto do seu negócio não são as doações à ONG Not For Sale, mas o impacto que produz nas comunidades ao fortalecer as economias locais, gerando novas formas de renda às famílias. Ainda não foi realizado um estudo para mensurar o seu impacto no combate ao tráfico de pessoas. Porém, ao menos um dado indica que o projeto parece estar funcionando: nos últimos cinco anos, não houve nenhum caso de tráfico nas comunidades amazonenses em que eles trabalham.


Com informações da Fast Company.