Criada nos EUA, PenPal Schools está em mais de 140 países e usa a tecnologia para levar temas atuais para a sala de aula

Do Porvir

A tecnologia está cada vez mais presente nas escolas brasileiras, como mostrou a recém-divulgada pesquisa TIC Educação, mas ainda falta dar o próximo passo, que envolve usar as facilidades oferecidas pelos recursos digitais para favorecer o ensino e a aprendizagem. A questão é que isso demanda um tempo enorme do professor e não pode se resumir a uma mera digitalização do que já está nos livros impressos. A PenPal Schools, uma plataforma criada nos Estados Unidos, tenta resolver a questão ao integrar diferentes usos da tecnologia sem abandonar o lado humano da aprendizagem. Por meio de projetos colaborativos e sob orientação de seus próprios professores, alunos aprendem com colegas da mesma idade que estão em diferentes partes do mundo.

Às segundas-feiras, turmas com alunos entre 8 e 18 anos, começam novos projetos sobre artes, matemática, ciências, estudos sociais, chinês, inglês, francês e espanhol. O professor seleciona o tema, passa o código do grupo para seus alunos, que criam um usuário sem a necessidade deixar informações pessoais (como nome real, telefone ou e-mail). No dia escolhido para o início dos trabalhos, cada estudante é conectado com até quatro outros ao redor do mundo, que têm a mesma idade e estão no mesmo projeto, que pode levar de uma a seis semanas. Durante as tarefas do projeto, os estudantes precisam discutir com os amigos virtuais usando mensagens de texto, assistindo vídeos, lendo textos e respondendo questões. Cada sessão dura entre 30 e 45 minutos e pode ser feita ao longo da semana. Cerca de 88% dos participantes vão até a última lição.

“Muitos usuários acessam a PenPal para praticar inglês, e isso já é muito popular no Brasil”, diz Joe Troyen, diretor e fundador da PenPal Schools, que já está presente em cerca de 140 países. “Projetos como o World Explorer (Explorador do mundo) possuem um selo de recomendação para quem está aprendendo inglês como idioma estrangeiro. Ele passa por tópicos simples, como comida, história e cultura pop e tem seções de vocabulário e gramática para ajudar a iniciar a conversa com os PenPals.”

Outros projetos, como o Trip to Pakistan (Viagem ao Paquistão), são mais imersivos e usam realidade virtual. Alunos são convidados a visitar pontos turísticos e a acompanhar como é a vida de uma criança no país, suas brincadeiras e costumes. “Cada lição tem seu vídeo, mas nesse projeto eles estão em 360º. Mesmo se o usuário não tiver os óculos (como o Google Cardboard), é possível usar mouse para clicar e arrastar para ver ao redor. Com um telefone ou um tablet, fica fácil porque é só virar o dispositivo”, diz Troyen.

A maior parte dos projetos é criada por uma equipe de educadores da PenPal Schools. Em alguns casos, também é feita parceria com escolas que submetem projetos robustos e, em troca, recebem acesso aos planos com mais recursos. Uma terceira estratégia inclui o uso de materiais produzidos por editoras, como foram os casos dos projetos de meio ambiente e o de direitos civis.

Assuntos do momento

No ano passado, enquanto as eleições americanas dominavam os debates, a PenPal Schools lançou um projeto para tratar do assunto que fez um enorme sucesso, com 7.600 estudantes em 395 salas de aula de 36 estados participando e compartilhando opiniões sobre questões políticas como economia, saúde e imigração. “Foi muito legal porque os estudantes conseguem manter uma conversa mais respeitosa do que os adultos. Aqui nos Estados Unidos, estamos tendo muita briga por causa disso, mas os estudantes precisam primeiro aprender sobre os assuntos, ouvir as opiniões de seus penpals, ler de maneira empática e fazer perguntas. Eles não dizem ter todas as respostas prontas.”

Em 2017, como a cidade de Los Angeles acaba de ser escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2028, a PenPal Schools incluirá o tema em sua galeria de projetos. Outro assunto do momento, as notícias falsas, terá um jogo para discutir o que é fato ou erro nas notícias.

Histórias que surpreendem

Ao levar a alunos a discussão de temas atuais, Troyen, o executivo da empresa diz que a troca de experiências é sempre uma surpresa. Em uma suas histórias favoritas, ele lembra o projeto em que alunas órfãs do Quênia trabalharam junto com crianças americanas. “A professora queniana me mandou uma carta dizendo que a experiência foi muito empoderadora não apenas por permitir praticar inglês, mas porque mostrou que elas podem expressar seus pontos de vista, pesquisar e aprendem os fatos”. Segundo Troyen, a maior satisfação é perceber que o intercâmbio de ideias permite às crianças ficar mais bem informadas e aprender outras perspectivas que adultos muitas vezes não têm.

Planos

A plataforma é gratuita para estudantes e até cinco professores com direito a um painel de acompanhamento dos exercícios. Para escolas brasileiras, Troyen diz que até março de 2018 o plano Plus, com mais projetos, será oferecido gratuitamente. “Fizemos uma pesquisa em que perguntamos aos professores americanos com qual país gostariam de conectar e o Brasil foi o mais votado. Por isso abrimos essa possibilidade.”

Planos maiores, com capacidade de atender toda a escola com suporte técnico e curso de formação custam a partir de US$ 1.900. A modalidade para redes depende de negociação.