Inovações em modelos de negócios e tecnologias atendem e beneficiam público geralmente negligenciado pelas instituições financeiras tradicionais


Este é um conteúdo da série:


Baixa renda. Falta de educação financeira. Dificuldade de acesso a serviços e produtos financeiros. Esse combo de problemas afeta grande parte da população brasileira, que encontra dificuldades em chegar ao fim do mês com seus rendimentos e se endivida para sobreviver. Também dificulta que indivíduos e famílias superem a pobreza e elevem o seu padrão de vida.

Segundo artigo da diretora-executiva da Artemisia, Maure Pessanha:

(…) serviços financeiros adaptados [à população de baixa renda] e uma educação financeira adequada podem contribuir de maneira efetiva para a melhoria da qualidade de vida da população, gerando, inclusive, a inclusão financeira de milhares de brasileiros. A análise da interação entre a população de baixa renda e os diversos serviços do setor financeiro permite identificar deficiências significativas e oportunidades consistentes para empreender negócios de impacto social associados à temática.

Nessa matéria, vamos falar sobre conceitos importantes a quem deseja empreender com impacto social no setor financeiro e descrever alguns casos de sucesso que estão realmente beneficiando a base da pirâmide no Brasil. Boa leitura!

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[mks_accordion_item title=”Conceitos importantes”]

Quem vai empreender no setor precisa se familiarizar com alguns conceitos, como fintechs, microcrédito, bancos comunitários e crowdlending. Nessa seção, explicamos sucintamente cada um deles.

Fintechs

São startups que usam tecnologia de ponta e dados para inovar e otimizar o sistema financeiro. Muitas vezes são capazes de oferecer serviços e produtos financeiros a custos mais baixos do que os bancos tradicionais, ou conseguem atender a públicos que geralmente não interessam a essas instituições (geralmente clientes de baixa renda). Por esse motivo, fintechs são uma boa oportunidade a quem quer empreender com impacto social na área financeira.

Microcrédito

O conceito de microcrédito foi criado pelo economista de Bangladesh,  Muhammad Yunus, criador do Grameen Bank, uma instituição que oferece microcrédito a pessoas pobres para apoiar-los a ter estabilidade financeira e crédito bancário em instituições financeiras tradicionais. Em 2006, Yunus recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

O microcrédito se caracteriza por oferecer empréstimos de pequeno valor direcionados a um público de baixa renda, que geralmente não têm acesso às formas tradicionais de crédito. Muitas vezes, direciona-se a micro-empreendedores informais. O crédito oferecido a esse público, mesmo pequeno, costuma ter alto potencial transformador e possibilita superar a pobreza extrema.

Bancos comunitários

São instituições financeiras associativas e comunitárias com o objetivo de promover o desenvolvimento das comunidades em que atuam. Costumam estar localizados em territórios marcados pela pobreza e pela exclusão financeira e bancária, como comunidades quilombolas, assentamentos, áreas indígenas, região de quebradeiras de coco, distritos isolados no semiárido nordestino e periferias urbanas.

Seu apoio às comunidades em que atuam se dá por meio do fomento à produção e ao consumo locais e do apoio a iniciativas de economia solidária. Como, por exemplo, empreendimentos socioprodutivos, de prestação de serviços, de apoio à comercialização, organizações de consumidores e produtores.

Oferecem serviços financeiros a quem é desbancarizado ou possui pouco acesso aos produtos das instituições tradicionais. É comum que ofereçam microcrédito a juros mínimos e emitam moedas sociais, que circulam somente na comunidade em que atuam, para estimular a economia local.

Assista a essa matéria da Rede Globo sobre o tema:

Crowdlending

Também conhecido como Peer To Peer Lending, é assim definido pelo 2o Mapa de Negócios de Impacto, lançado pela Pipe.Social:

“Modalidade onde que uma pessoa empresta dinheiro diretamente para outra pessoa ou empresa por meio de serviços online. Baseia-se em um modelo coletivo, de modo que várias pessoas podem oferecer quantias que, juntas, formam o valor do empréstimo solicitado pelo tomador. A modalidade é muito comum entre empreendedores, já que minimiza dificuldades de acesso a crédito, é rápido e possibilita empréstimos a juros mais baixos.”

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[mks_accordion_item title=”Cases”]

Que tal conhecer alguns dos mais notáveis casos de sucesso de negócios de impacto no setor financeiro? Vamos lá!

Avante

Essa conhecida fintech brasileira oferece serviços financeiros a empreendedores que não são atendidos pelas instituições financeiras tradicionais. Atua, principalmente, na região Nordeste, inclusive em cidades que sequer têm uma agência bancária. A Avante concede microcrédito produtivo e orientado e meios de pagamento, assim facilitando muito a vida do empreendedor. Saiba mais sobre a startup.

Banco Comunitário União Sampaio

Atuante em São Paulo, no bairro Jardim Maria Sampaio, esse banco comunitário fortalece a economia local por meio de empréstimos à comunidade. São oferecidas duas linhas de crédito, pessoal e produtivo. O empréstimo pessoal é concedido é feito em Sampaio, uma moeda social aceita em mais de 100 comércios da comunidade. Destinado a pessoas  em situação de vulnerabilidade social, que precisam de dinheiro rápido para necessidades básicas, o banco não cobra juros sobre ele e nem consulta o SPC ou Serasa para concedê-lo. Já o empréstimo produtivo é feito em reais para que empreendedores invistam em seus negócios e cobram-se taxas muito abaixo das cobradas por bancos comerciais. Nessa modalidade, o banco não se limita a conceder crédito. Além disso, também presta apoio e consultoria ao empreendedor, funcionando como um “Sebrae da quebrada”. Saiba mais sobre o Banco Comunidade União Sampaio.

Banco Palmas

O primeiro banco comunitário do Brasil, foi fundado em 1998 no Conjunto Palmeira, um bairro localizado na periferia de Fortaleza. Sua missão é implementar projetos de trabalho e geração de renda por meio de sistemas de economia solidária focados na superação da pobreza. Para isso, concede microcréditos para produção e consumo local com baixas taxas de juros e sem necessidade de comprovante de renda. Além disso, também fornece acesso a serviços bancários para os moradores das comunidades mais pobres, geralmente não atendidos pelos bancos tradicionais. Saiba mais sobre o banco comunitário.

Conta Um

Trata-se de uma solução de inclusão financeira para quem não tem pode (ou não quer) ter conta em um banco tradicional. A startup possibilita que o usuário crie uma conta digital (chamada wallet) e realize serviços de transação bancária por meio de um aplicativo, site ou cartão. Entre os serviços oferecidos, estão inclusos: transferências de valores, copras em sites de e-commerce e estabelecimentos que operam com a bandeira Mastercard e saques em máquinas da rede Banco24Horas, entre outros. Saiba mais sobre a fintech.

Firgun

É uma plataforma de equity lending para empreendedores de baixa renda. Por meio dela, qualquer pessoa pode escolher um empreendedor cadastrado e emprestar-lhe a partir de R$ 25. Empréstimos de até R$ 3 mil são parcelados sem juros, de R$ 3 mil a R$ 9 mil, com juros de 0,5% ao mês, e acima de R$ 9 mil, 1%. Em outras palavras, a Firgun inverte a lógica de mercado e cobra juros mais altos dos empréstimos mais volumosos. A ideia por trás disso é quem pede empréstimos maiores são empreendedores que têm mais estrutura para pagar os juros. Saiba mais sobre a Firgun.

Konkero

A missão da Konkero é transformar a vida financeira dos brasileiros, especialmente os da classe C. O brasileiro, em geral, possui pouca educação financeira e informação sobre finanças e serviços financeiros não costuma chegar para a baixa renda. Esse é o problema que a startup visa solucionar.

Faz isso por meio de um portal que é referência em comparação de produtos financeiros e finanças pessoais. De maneira descomplicada, a plataforma oferece conteúdo com dicas de finanças pessoais e explicações sobre produtos financeiros. Os usuários têm acesso a comparativos de centenas de serviços financeiros dos maiores bancos, seguradoras, financeiras e administradoras de consórcio do país. Em seis anos de atuação, a startup já auxiliou mais de 51 milhões de pessoas, tendo ajudado 4,6 milhões a negociar dívidas; 2 milhões a entender melhor o uso do cartão de crédito; 2,2 milhões aprenderam a preencher cheque; e mais de 600 mil a compararem taxas de financiamento de carro. Saiba mais.

Moeda

Um diferencial dessa startup brasileira é a adoção de tecnologia de ponta para impacto social: adota blockchain e uma moeda digital para aumentar o acesso a crédito e proporcionar mais transparência ao processo. Fundada em 2017 após vencer um hackaton promovido pela ONU, sua ICO levantou US$ 20 milhões. Parte desses recursos foi transferido a um fundo rotativo, com a finalidade de realizar investimentos de impacto social. Em janeiro de 2018, a startup anunciou o investimento de US$ 1,5 milhão em 18 projetos de empreendedores de áreas rurais. Saiba mais sobre o Moeda.

Tala

Outra solução para conceder crédito a quem não é atendido pelos bancos tradicionais, a Tala criou um método próprio para decidir se deve conceder crédito a um cliente. Um aplicativo de celular acessa os dados móveis do usuário para estabelecer o quanto ele é confiável. Alguns dados considerados são: ligações periódicas para sua família (demonstrando relações estáveis), consistências nos locais que frequenta cotidianamente, quantidade de pessoas com que se relaciona (troca mensagens, por exemplo), entre outros. Segundo as estatísticas da Tala, esses são hábitos de pessoas que tendem a pagar suas dívidas. Atualmente, a startup atua no Quênia, Tanzânia, Filipinas, México e Índia. Saiba mais sobre a fintech.

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[mks_accordion_item title=”Para saber mais”]

Uma ótima leitura para quem deseja empreender neste setor é a Tese de Impacto Social em Serviços Financeiros, lançada pela Artemisia (organização pioneira no apoio a negócios de impacto). Apoiado pela ANDE e pela MetLife Foundation, o relatório reúne os desafios enfrentados pela população de baixa renda em questões financeiras e aponta oportunidades para fintechs de impacto.

[mks_button size=”large” title=”Clique aqui para baixar a Tese de Impacto Social em Serviços Financeiros” style=”squared” url=”https://www.artemisia.org.br/servicosfinanceiros/” target=”_blank” bg_color=”#1e73be” txt_color=”#FFFFFF” icon=”” icon_type=”” nofollow=”1″]

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Sua startup desenvolve soluções financeiras para a base da pirâmide e precisa de apoio? Entenda o que fazer

Se você busca apoio para o seu negócio de impacto se fortalecer e escalar, há algumas atitudes que podem ser tomadas.

Uma é apresentar o seu negócio à Kaleydos por meio deste formulário. A Kaleydos, iniciativa do Instituto Jatobás, é uma plataforma de investimento e desenvolvimento de soluções e negócios que contribuem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Busca e seleciona startups de impacto em estágio inicial, alinhadas a um ou mais ODS, com potencial de viabilidade e escalabilidade, impacto socioambiental mensurável e modelos de negócios inovadores. Saiba mais aqui.

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