Da SITAWI Finanças do Bem

A Rede Asta é um negócio social que apoia o protagonismo de mulheres artesãs na criação e no desenvolvimento de soluções sustentáveis a partir do reaproveitamento de resíduos. Ao conectar mão de obra para a confecção de brindes corporativos a partir dos resíduos de grandes empresas, a organização capitaneada por Alice Freitas, Miriam Lima e Rachel Schettino proporciona a ressignificação das vidas das mulheres empreendedoras, dos materiais que iriam para o lixo e da forma de consumo e descarte das organizações.

A SITAWI apoiou a iniciativa através do mecanismo de Empréstimo Socioambiental, viabilizando a compra de materiais complementares para a confecção de brindes para um grande cliente. A oferta de um capital paciente possibilitou que o ciclo produtivo não fosse quebrado. “A Rede Asta é um negócio de impacto comprovado e relevante para comunidades de baixa renda e, principalmente, mulheres artesãs que conseguem através da rede ter acesso a uma demanda corporativa constante, rede logística e capacitação profissional. Dessa forma, se constitui um negócio de impacto socioambiental relevante para a sociedade”, comentou Marcela Miranda, analista de Finanças Sociais da SITAWI.

Com uma essência inclusiva tanto para quem faz, como para quem compra, a Rede Asta oferece para corporações a produção de brindes sustentáveis feitos à mão com técnicas de upcycling a partir de resíduos da própria empresa. Para as artesãs, treinamento de visão empreendedora focado no mercado manufaturado, criação de rede entre negócios e acesso ao mercado de compradores de produtos e serviços artesanais. Além disso, mantém uma Escola de Negócios das Artesãs, que visa ensinar como gerir a renda proveniente dos produtos, empoderar e tornar as artesãs independentes.

“Cada produto tem uma história incrível e nós vivemos essas histórias todos os dias. Vimos artesãs tomarem coragem pra deixar o marido violento após perceberem que, com as vendas de seus produtos, elas têm valor. Vimos seus filhos passarem a respeitá-las, pois elas se posicionaram de forma diferente na família, seja colocando dinheiro, aparecendo em revistas, recebendo visitas especiais. Tendo seu trabalho conhecido e reconhecido”, comentou Alice Freitas.

Segundo o Banco Mundial, as mulheres são responsáveis por 75% da compra dos bens de consumo e destinam à família 90% de sua renda. No caso dos homens, este percentual é inferior a 30%. Há evidências de que as mulheres podem ser um poderoso motor de crescimento econômico. Estimativas indicam que se a taxa de emprego feminina coincidisse com a masculina, o PIB dos Estados Unidos aumentaria em 5%. Nos países em desenvolvimento, o efeito seria ainda maior, a economia egípcia, por exemplo, veria um aumento de 34%. (Fonte: Empowering the Third Billion, Women and the World of Work in 2012, Booz&Co).

O Brasil ainda é um país com forte exclusão de gênero. Mesmo sendo a maioria da população, as mulheres encontram mais dificuldades para inserção no mercado de trabalho e, quando empregadas, têm salários inferiores aos dos homens. Uma das empreendedoras da rede comenta sobre sua emancipação através do trabalho. “Sempre fui dona de casa e dependente do meu marido. Mas entrando na Rede Asta, pude experimentar e com orgulho de dizer que já comprei muitas coisas pra minha família com o meu próprio dinheiro”, declara Antônia Gonçalves, do grupo Meninas Arteiras.

Ao longo de sete anos, a Rede Asta envolveu 74 grupos produtivos, apoiando mais de 1200 artesãs. Todo esse trabalho se deu com o reúso de 12 toneladas de materiais. “A Rede Asta quer ser uma opção desejada de consumo, uma marca que entrega mais do que apenas o que o consumidor precisa ou quer. Entrega também a consciência de que o consumo pode gerar o bem e mobilizar uma cadeia produtiva que, retroalimentada, gera dividendos exponencialmente para pessoas, comunidades e para o meio ambiente”, publicou a organização em seu relatório de impacto.